UM VULTO FEITO LUZ - Vida, Paixão e Morte dos meninos de rua desses brasis.

Debaixo do verniz de civilização, somos, sob muitos aspectos, ainda, desgraçadamente, um pais bárbaro. Isso porque, as instituições políticas, econômicas, sociais e culturais, quando funcionam o fazem precariamente. Sobre nossas casas legislativas, mormente o Congresso Nacional de há muito se tornou valhacouto de vigaristas, de terno e gravata (com honrosas exceções que confirmam a regra). A maioria da população, massa trabalhadora madrugadora, mal remunerada, das grandes cidades sofrendo com os péssimos meios de transporte urbanos, sequer tem tempo para refletir sobre a conduta de seus algozes. Daí porque continuam impunes. O crescimento dos últimos 20 anos ainda não foi capaz de amenizar a miséria que infelicita grande parte da população brasileira, ainda que se diga sempre que o futuro está às portas. Estão aí as imensas favelas, cujos residentes, vivem, na maior parte das vezes, uma existência subumana em seus miseráveis barracos, sistematicamente inundados pelas cheias de rios e charcos poluídos, quando não levados pelas correntezas formadas durante as grandes tempestades: ou ainda vendo seus filhos pequenos seres comidos por verminoses entre outras moléstias produzidas por roedores, companheiros permanentes da pobre gente. Não é diferente a vida que leva a pobre gente nos grotões do Norte/Nordeste onde a fome, apesar do falso assistencialismo oficial, é moeda corrente. Gabam-se as autoridades de seu sucesso no combate à mortalidade infantil. Mas quais seriam mesmo esses índices nas favelas e grotões? Ao lado de uma vida miserável, desemparada dos poderes públicos, a pobre gente ainda enfrenta o domínio de marginais, com predominância para traficantes de drogas – vício que se alastra por todos os cantos do país. Tais periferias e grotões, por sua vez, se encarregam de produzir uma criminalidade cada vez mais organizada e atrevida, colocando em cheque a segurança da população indefesa, fazendo anualmente milhares de vítimas, em irônica concorrência com as moléstias tradicionais antigas, que hoje renascem pela incúria das autoridades. Mercê de um ensino sem qualidade, condena-se grande parte dos filhos da pobre gente a um futuro sem perspectiva no mercado de trabalho, quando não a marginalidade, ao evadirem-se de uma escola que pouco os motivam a nela permanecer. Do que decorre a perda de milhões de cérebros que muito contribuíram para a evolução do país. Não fôssemos um país de maus políticos e, por isso, absolutamente imprevidente, a educação pública de qualidade iniciar-se-ia nos primeiros anos de nossas crianças com atendimento às famílias desfavorecidas, inclusive alfabetizando-as quando fosse o caso para que pudessem acompanhar o desenvolvimento físico e mental dos filhos. Esse procedimento criaria uma rede de proteção a essas crianças, assim como coibiria o analfabetismo, praga a infelicitar o Brasil, ainda muito longe de ser erradicado. Desgraçadamente, todos esse pequeno relato constitui o pano de fundo de Um vulto feito Luz – Vida, paixão e morte dos meninos de rua desses brasis.
Continua....